RADIAÇÕES E CONTAMINÇÃO CELULAR
Efeitos Biológicos da Radiação no Corpo Humano
A radiação pode causar dois tipos principais de danos ao corpo humano: a destruição das células por calor e a ionização e fragmentação das células.
Quando exposto à radiação, o calor emitido pode ser intenso o suficiente para causar queimaduras graves na pele, superando os efeitos da exposição prolongada ao sol. Isso ocorre devido à alta energia cinética das partículas radioativas, que, ao atingirem as células, provocam a ionização celular. Essa ionização enfraquece as ligações celulares, levando a modificações celulares e mutações genéticas.
Os efeitos radioinduzidos podem ser classificados como estocásticos ou determinísticos. Os efeitos estocásticos têm uma probabilidade proporcional à dose de radiação recebida, sem a existência de um limiar. Isso significa que mesmo doses baixas, abaixo dos limites estabelecidos de segurança, podem induzir esses efeitos. O câncer é um exemplo de efeito estocástico importante, com a probabilidade de ocorrência dependendo do número de células modificadas no tecido ou órgão exposto à radiação.
Os efeitos determinísticos, por outro lado, ocorrem devido à irradiação total ou localizada de um tecido, resultando em uma quantidade de morte celular não compensada pela reposição ou reparo. Esses efeitos são observados como prejuízos detectáveis no funcionamento do tecido ou órgão. Existe um limiar de dose, abaixo do qual a perda de células não é suficiente para causar danos detectáveis, mas acima do qual a gravidade dos danos aumenta com a dose aplicada.
A probabilidade de efeitos determinísticos é considerada nula para doses abaixo do limiar e 100% para doses acima dele. Além da gravidade dos danos, os efeitos determinísticos também variam em termos de frequência, dependendo da dose e da susceptibilidade individual.
É fundamental ressaltar que a proteção contra a radiação e o cumprimento das normas de radioproteção são essenciais para minimizar os riscos associados à exposição à radiação e reduzir a ocorrência desses efeitos danosos no corpo humano.
Efeitos Biológicos Pré-natais
Durante a gravidez, a radiação ionizante pode ter efeitos biológicos nos fetos em desenvolvimento. Existem dois tipos de efeitos pré-natais induzidos pela radiação que podem ser avaliados:
Efeitos de radionuclídeos: Quando a mãe ingere ou inala radionuclídeos, essas substâncias radioativas podem ser transferidas para o embrião ou feto em desenvolvimento. Isso pode resultar em efeitos biológicos prejudiciais.
Efeitos da radiação externa: A exposição direta à radiação externa durante a gravidez também pode ter efeitos biológicos nos fetos.
Efeitos letais no embrião: A radiação pode causar morte no embrião em desenvolvimento.
Malformações e outras alterações estruturais e de crescimento: A exposição à radiação durante a gravidez pode levar a malformações e alterações no crescimento do feto.
Retardo mental: A radiação também pode estar associada ao retardo mental em crianças expostas durante a gestação.
Indução de doenças, incluindo a leucemia: A exposição pré-natal à radiação pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças, como a leucemia, mais tarde na vida.
Efeitos hereditários: A radiação também pode ter impacto nas gerações futuras, causando efeitos hereditários.
É importante observar que a proteção radiológica durante a gravidez é de extrema importância para minimizar os riscos à saúde do feto. As diretrizes e regulamentações de radioproteção são estabelecidas para garantir a segurança da mãe e do feto durante a exposição à radiação.
Danos Celulares
Mutações
As mutações nas células somáticas(do corpo) ou germinativas(das gônadas) podem ser classificadas em 3 grupos:
– Mutações pontuais(alterações na sequência de bases do DNA);
– Aberrações cromossômicas estruturais(quebra nos cromossomos);
– Aberrações cromossômicas numéricas(aumento ou diminuição no número de cromossomos).
Modificação celular pela radiação
A resposta das células à radiação varia de acordo com o ciclo celular e as fases do ciclo mitótico. A interferência dos diferentes tipos de interação radioativa influencia a resposta das células em diferentes estágios do ciclo celular.
Situações mais complexas ou que requerem acoplamentos precisos de parâmetros físico-químicos ou biológicos tendem a ser mais vulneráveis às modificações causadas pela radiação. Isso significa que, em um tecido onde as células estão em diferentes fases do ciclo celular, as consequências da radiação podem ser diferentes em diferentes partes do mesmo tecido. Portanto, a avaliação de um determinado efeito biológico induzido pela radiação inclui uma análise estatística da situação.
As alterações na molécula de DNA podem levar à transformação neoplásica, em que uma célula modificada mantém sua capacidade reprodutiva e pode potencialmente dar origem a um câncer. O sistema imunológico pode eliminar ou bloquear as células modificadas, mas as células sobreviventes podem se adaptar devido a estímulos de substâncias promotoras. A multiplicação dessas células pode resultar na formação de um tumor em um estágio chamado de progressão.
Após um período de latência, se as células persistirem na reprodução, superando as barreiras da divisão celular e evitando os mecanismos de defesa do organismo, um tumor cancerígeno pode se desenvolver.
Morte celular
A perda de células em quantidade considerável, pode causar prejuízos detectáveis no funcionamento do tecido ou órgão. A severidade do dano caracteriza o efeito determinístico, uma vez que o limiar de dose que as células do tecido suportam, foi ultrapassado.
As células mais radiossensíveis são aquelas integrantes do ovário, dos testículos, da medula óssea e do cristalino (olho), além dos demais órgãos mostrados na ilustração abaixo:
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